Mentaótico

Ótica mental cheia de hortelã!

Gostar de você
Me fez enxergar
Cores num mundo cinza
Mundo que não quer
me deixar ser.

Um beijo de lenço vermelho
Nus, num lençol azul
Colados num dia branco
Sorrindo amarelo
Sentados no banco verde

Retratados
Como amantes que não eram
Como amigos que nunca foram
Como breve conhecidos
Como um, como um.
Nunca dois.

Assim, no escuro
No preto sem nuance
Com os cabelos arrepiados
E a respiração trêmula
Numa eletricidade prata
Até que o sol se enfie pela janela
Até que as costas doam
Até que a fome venha
Até que o mundo pare
Até que a gente passe
Até que vá de novo.

E me deixei, sem querer.
E me perdi, ciente.
E me engoli, me vomitei.
E disse até breve.
Porque adeus já não cabia mais.

Com as passagens em mãos, tendo finalmente dia e hora pra deixar a vida mudar, ele percebeu que já não precisava correr, não precisava fugir nem de quem era e nem de tudo aquilo que um dia quis ser. Agora com a data próxima e o destino tão distante ele pode respirar, não aliviado, mas minimamente realizado. Podia encarar a decisão sobriamente e podia deixar cada gota de terror pulsar em suas veias, amargar seu hálito e atear fogo em suas entranhas. Ele até gostava da sensação. O terror surgia do desconhecido que sempre foi seu futuro, esse estranho amigo, tão sombrio, caótico, incontrolável. Sonho ou piada, podia tremer nervoso com a alegria de mesmo que por pouco tempo ser o dono de cada passo, o senhor de cada sorriso. E não sorriu com aquelas passagens e nem falaria sobre elas gargalhando. Cada vez que lembrasse delas o coração gelaria e ele iria querer ficar, iria querer ter feito as coisas diferentes, iria querer ser outro. Mas já não seria. Pela primeira vez em muito tempo, sabia que estava exatamente onde deveria estar. E cada lágrima que agora corria refletia uma única verdade. Cada lágrima era um eco daquela voz que lá no fundo, mesmo nos momentos mais sombrios e nas dúvidas mais incertas era a certeza que o mantinha em pé, que o tirava da cama e que estampava o sorriso amarelo e tímido no seu rosto. A vida é boa. A gente que não vê.

Naquela tarde, sem sol, sem vento, de pouca luz e de pouca vida, meu coração cabia num copo de café e sereno em sua tormenta, era samba tocando no peito sem ar, enquanto num esforço canibal eu o bebia quente e amargo na tentativa sincera de aprisionar as lágrimas, de trancar em mim aquele pedacinho que negro queria escapar.

Naquela tarde meu coração, coado na calcinha dos amores que deixava pra trás se debatia histérico olhando para o mundo que de repente era grande e incerto demais, que de repente era solitário demais. Tremi assustado vendo o sol se por e me envenenei nos devaneios do futuro que não chega. Observei o cão, que em sua completa ignorância ainda me tirava sorrisos e gargalhadas e que tinha o coração do tamanho do mundo. Perto dele, meu coração era um inseto. E assim, como uma barata sob o chinelo, hoje o mundo era pesado demais pra minha casca dura.

Naquela tarde agora já noite, ali, agora olhando o escuro e contando estrelas, chorei. Não foi dor ou remorso ou arrependimento que me tomaram, mas o velho adeus desarrumando a delicada ordem de tudo ao meu redor. Foi a despedida que branca fundiu-se as paredes, tirando as marcas e deixando o odor acrílico nada parecido com as fumaças que sediaram tantas risadas. Não despedia-me de minha família, mas despedia-me do menino que com tanto medo vi crescer, despedia-me da casa que mesmo sem teto fiz de lar, despedia-me das relações que mesmo descabidas do meu jeito descuidado eu quis cuidar.

Chorei porque sabia que dali em diante era mais dono de mim do que nunca havia sido, porque sabia que trilhava o caminho das decisões que fiz e chorei também porque sabia que escolhia o melhor de mim, escolhia o melhor pra mim. Chorei e vi meu coração pequeno transbordar e explodir e se espalhar por todos os cantos do meu ser vazio. Chorei porque deixei-me encher das esperanças, dos sonhos que tentei queimar, chorei porque em mim não havia mais espaço para as dores anteriores e em cada lágrima quente que riscava meu rosto, brilhando silenciosa sob a luz do céu e sob o olhar atento do cão, escorria junto os retalhos de todos os eus, de todos meus fantasmas que naquela tarde despediam-se agressivos enquanto os móveis eram retirados e as malas eram feitas.

Sequei as lágrimas, me levantei. O samba continuava em meu peito mas agora refletia-se feliz em meus lábios e ecoava forte em minha garganta. Liguei a cafeteira e em poucos minutos o cheiro do café tomou cada canto da casa, sobrepondo-se à tinta ainda fresca. Aliviado, enchi meu copo do líquido preto, bebi das boas coisas que pude viver ali e disse sim à vida que me levava de novo.

Meu bem, se soubesses quanto odeio que te aches normal. Quanto odeio essa tua linha reta e esse teu hálito cheiroso. Quanto odeio que me faças me enquadrar. Vejo em tuas lágrimas e em teu discurso a fragilidade de tua normalidade, a estúpida mentira que tu vestes todo dia, feita do tecido que tecestes meu uniforme. Ah meu bem, desculpa. Desculpa mas hoje quis te esfaquear. Quis que como lâminas afiadas minhas palavras te atravessassem, te perfurassem, te rasgassem, dilacerassem  cada pedaço da tua carne.

Te libertaria meu amor. Te despiria da hipocrisia dos nossos atos, da estúpida vida que construímos para todos nós. E tu não morrerias. Sangaria o sangue podre e azul das morais erguidas em berços de alumínio torcido, de madeira compensada. Choraria as lágrimas das crenças descontruídas e seus olhos queimariam como se as chamas de sete infernos caissem sobre eles, seus ouvidos vibrariam com a voz de todos os anjos caídos e tu acordarias numa viagem de ácido.

Quando tudo acabasse, quando minhas lâminas estivessem cegas de tanto tocar seus ossos e tuas virtudes, quando estivesse seco e cansado das verdades disparadas insensíveis e monstruosas sobre tua pele de sonhos destruídos te encontraria nua e apavorada, perdida no caminho que nunca levou a lugar nenhum. Seus olhos logo se acostumariam com a luz, seu nariz logo inspiraria o novo ar e teu velho corpo logo retornaria ao pó de onde veio.

Mas tive pena meu amor e deixei que tu levastes tuas lágrimas para a cama e as cobrisse com o lençol de algodão, enquanto eu, anestesiado, tirava o uniforme da máquina, o colocava na mala e saia pela porta.

Mais uma vez.

Sempre olhando pra trás.

se não é amor é doença.
mas se é amor, por que é assim?
se fosse doença tinha remédio
mas se é amor, qual seria a causa?

feito vômito, me escapa
sai das minhas entranhas
me rasga e explode

feito febre, me consome
queima meu peito e minha cabeça
queima minha virilha
me alucina

se matasse rápido
se apagasse rápido
se passasse rápido

mas ainda me prende na cama
ainda me tira o sono
ainda me irrita e me incomoda
e me faz ser outro
psicosomático
hipocondríaco
homeopatia meu cu quando o assunto é você.
 

Pra ele, café e pouco açúcar. Pra ela, chocolate. Ele sorria tímido para a xícara de café e mexia quase nervoso a pequena colher. Ela cobria o decote, se ajeitava no banco alto demais para os dois. Ele enrolava o cabelo, agitava as pernas e justificava uma vida mais morna. Ela sorria e contava sobre uma vida mais quente. Ele limpava o bigode com a língua. Ela abaixava a xícara. Descompassados, às vezes cavavam com as colheres os fundos das xícaras. Buscando a voz, buscando o riso, buscando anos já bebidos enquanto o aroma do que foram desfazia-se no ar.

Ele ia pra longe, em direção a Pasárgada, com destino marcado pra lugar nenhum. Ela pertencia-se, enraizava. Ele desejando os cigarros, ela detestando a fumaça. Sentados alto demais para tocar o chão, eles conversavam em tom ameno as vidas mutantes. Ele o vermelho, da euforia juvenil, da rebeldia adolescente, do mosh que foram. Ela o azul, da paciência que conforta, da paciência que congela.

Ele bermuda e ela calça. Ele cheirando sal e ela flor. Ele a brisa, ela a pedra.

Ela 80. Ele 90.

Eles.

Ele...


Levou. Levou consigo tudo que pode num só gesto. Em poucas palavras. E não podia nem saber se realmente se importou. Mas levou. De uma só vez arrancou as ervas e costurou os cortes. Cessou o sangramento. Assim, desse jeito, como quem esbarra o estranho na rua, passou e saiu.

Não gritou. Talvez não tivesse mais força para. Nem chorou, não queria, não sentia. Carregou o peso que levantou e saiu. Com a cabeça erguida e um cigarro na mão direita ele andou e atravessou todas as portas. As que estavam fechadas ele não precisou estourar, mas faria o necessário, faria o que fosse preciso.

Caminhou firme pelos corredores retirou dali tudo que era seu. Pesado, ele andou leve em seus passos duros, marcados e compassados, sem olhar pra trás, sem deixar que o arrependimento sombreasse seu olhar e balançasse suas pernas. Mirou a sua frente e quando bateu a última porta atrás de si sorriu sincero para a calçada.

Não olharia mais com medo para o espelho. Não teria mais nenhum inimigo do outro lado, não se machucaria mais com a visão do que havia se tornado. Por último, deixou todos seus fardos no lixo de qualquer vizinho. Libertou-se.

Desfocado

Gostar de você
Me fez enxergar
Cores num mundo cinza
Mundo que não quer
me deixar ser.

Um beijo de lenço vermelho
Nus, num lençol azul
Colados num dia branco
Sorrindo amarelo
Sentados no banco verde

Retratados
Como amantes que não eram
Como amigos que nunca foram
Como breve conhecidos
Como um, como um.
Nunca dois.

Assim, no escuro
No preto sem nuance
Com os cabelos arrepiados
E a respiração trêmula
Numa eletricidade prata
Até que o sol se enfie pela janela
Até que as costas doam
Até que a fome venha
Até que o mundo pare
Até que a gente passe
Até que vá de novo.

E me deixei, sem querer.
E me perdi, ciente.
E me engoli, me vomitei.
E disse até breve.
Porque adeus já não cabia mais.

Voar

Com as passagens em mãos, tendo finalmente dia e hora pra deixar a vida mudar, ele percebeu que já não precisava correr, não precisava fugir nem de quem era e nem de tudo aquilo que um dia quis ser. Agora com a data próxima e o destino tão distante ele pode respirar, não aliviado, mas minimamente realizado. Podia encarar a decisão sobriamente e podia deixar cada gota de terror pulsar em suas veias, amargar seu hálito e atear fogo em suas entranhas. Ele até gostava da sensação. O terror surgia do desconhecido que sempre foi seu futuro, esse estranho amigo, tão sombrio, caótico, incontrolável. Sonho ou piada, podia tremer nervoso com a alegria de mesmo que por pouco tempo ser o dono de cada passo, o senhor de cada sorriso. E não sorriu com aquelas passagens e nem falaria sobre elas gargalhando. Cada vez que lembrasse delas o coração gelaria e ele iria querer ficar, iria querer ter feito as coisas diferentes, iria querer ser outro. Mas já não seria. Pela primeira vez em muito tempo, sabia que estava exatamente onde deveria estar. E cada lágrima que agora corria refletia uma única verdade. Cada lágrima era um eco daquela voz que lá no fundo, mesmo nos momentos mais sombrios e nas dúvidas mais incertas era a certeza que o mantinha em pé, que o tirava da cama e que estampava o sorriso amarelo e tímido no seu rosto. A vida é boa. A gente que não vê.

Sobre esvaziar, encher, deixar e levar

Naquela tarde, sem sol, sem vento, de pouca luz e de pouca vida, meu coração cabia num copo de café e sereno em sua tormenta, era samba tocando no peito sem ar, enquanto num esforço canibal eu o bebia quente e amargo na tentativa sincera de aprisionar as lágrimas, de trancar em mim aquele pedacinho que negro queria escapar.

Naquela tarde meu coração, coado na calcinha dos amores que deixava pra trás se debatia histérico olhando para o mundo que de repente era grande e incerto demais, que de repente era solitário demais. Tremi assustado vendo o sol se por e me envenenei nos devaneios do futuro que não chega. Observei o cão, que em sua completa ignorância ainda me tirava sorrisos e gargalhadas e que tinha o coração do tamanho do mundo. Perto dele, meu coração era um inseto. E assim, como uma barata sob o chinelo, hoje o mundo era pesado demais pra minha casca dura.

Naquela tarde agora já noite, ali, agora olhando o escuro e contando estrelas, chorei. Não foi dor ou remorso ou arrependimento que me tomaram, mas o velho adeus desarrumando a delicada ordem de tudo ao meu redor. Foi a despedida que branca fundiu-se as paredes, tirando as marcas e deixando o odor acrílico nada parecido com as fumaças que sediaram tantas risadas. Não despedia-me de minha família, mas despedia-me do menino que com tanto medo vi crescer, despedia-me da casa que mesmo sem teto fiz de lar, despedia-me das relações que mesmo descabidas do meu jeito descuidado eu quis cuidar.

Chorei porque sabia que dali em diante era mais dono de mim do que nunca havia sido, porque sabia que trilhava o caminho das decisões que fiz e chorei também porque sabia que escolhia o melhor de mim, escolhia o melhor pra mim. Chorei e vi meu coração pequeno transbordar e explodir e se espalhar por todos os cantos do meu ser vazio. Chorei porque deixei-me encher das esperanças, dos sonhos que tentei queimar, chorei porque em mim não havia mais espaço para as dores anteriores e em cada lágrima quente que riscava meu rosto, brilhando silenciosa sob a luz do céu e sob o olhar atento do cão, escorria junto os retalhos de todos os eus, de todos meus fantasmas que naquela tarde despediam-se agressivos enquanto os móveis eram retirados e as malas eram feitas.

Sequei as lágrimas, me levantei. O samba continuava em meu peito mas agora refletia-se feliz em meus lábios e ecoava forte em minha garganta. Liguei a cafeteira e em poucos minutos o cheiro do café tomou cada canto da casa, sobrepondo-se à tinta ainda fresca. Aliviado, enchi meu copo do líquido preto, bebi das boas coisas que pude viver ali e disse sim à vida que me levava de novo.

Fatias mi cariño

Meu bem, se soubesses quanto odeio que te aches normal. Quanto odeio essa tua linha reta e esse teu hálito cheiroso. Quanto odeio que me faças me enquadrar. Vejo em tuas lágrimas e em teu discurso a fragilidade de tua normalidade, a estúpida mentira que tu vestes todo dia, feita do tecido que tecestes meu uniforme. Ah meu bem, desculpa. Desculpa mas hoje quis te esfaquear. Quis que como lâminas afiadas minhas palavras te atravessassem, te perfurassem, te rasgassem, dilacerassem  cada pedaço da tua carne.

Te libertaria meu amor. Te despiria da hipocrisia dos nossos atos, da estúpida vida que construímos para todos nós. E tu não morrerias. Sangaria o sangue podre e azul das morais erguidas em berços de alumínio torcido, de madeira compensada. Choraria as lágrimas das crenças descontruídas e seus olhos queimariam como se as chamas de sete infernos caissem sobre eles, seus ouvidos vibrariam com a voz de todos os anjos caídos e tu acordarias numa viagem de ácido.

Quando tudo acabasse, quando minhas lâminas estivessem cegas de tanto tocar seus ossos e tuas virtudes, quando estivesse seco e cansado das verdades disparadas insensíveis e monstruosas sobre tua pele de sonhos destruídos te encontraria nua e apavorada, perdida no caminho que nunca levou a lugar nenhum. Seus olhos logo se acostumariam com a luz, seu nariz logo inspiraria o novo ar e teu velho corpo logo retornaria ao pó de onde veio.

Mas tive pena meu amor e deixei que tu levastes tuas lágrimas para a cama e as cobrisse com o lençol de algodão, enquanto eu, anestesiado, tirava o uniforme da máquina, o colocava na mala e saia pela porta.

Mais uma vez.

Sempre olhando pra trás.

Leia a bula

se não é amor é doença.
mas se é amor, por que é assim?
se fosse doença tinha remédio
mas se é amor, qual seria a causa?

feito vômito, me escapa
sai das minhas entranhas
me rasga e explode

feito febre, me consome
queima meu peito e minha cabeça
queima minha virilha
me alucina

se matasse rápido
se apagasse rápido
se passasse rápido

mas ainda me prende na cama
ainda me tira o sono
ainda me irrita e me incomoda
e me faz ser outro
psicosomático
hipocondríaco
homeopatia meu cu quando o assunto é você.
 

Expresso

Pra ele, café e pouco açúcar. Pra ela, chocolate. Ele sorria tímido para a xícara de café e mexia quase nervoso a pequena colher. Ela cobria o decote, se ajeitava no banco alto demais para os dois. Ele enrolava o cabelo, agitava as pernas e justificava uma vida mais morna. Ela sorria e contava sobre uma vida mais quente. Ele limpava o bigode com a língua. Ela abaixava a xícara. Descompassados, às vezes cavavam com as colheres os fundos das xícaras. Buscando a voz, buscando o riso, buscando anos já bebidos enquanto o aroma do que foram desfazia-se no ar.

Ele ia pra longe, em direção a Pasárgada, com destino marcado pra lugar nenhum. Ela pertencia-se, enraizava. Ele desejando os cigarros, ela detestando a fumaça. Sentados alto demais para tocar o chão, eles conversavam em tom ameno as vidas mutantes. Ele o vermelho, da euforia juvenil, da rebeldia adolescente, do mosh que foram. Ela o azul, da paciência que conforta, da paciência que congela.

Ele bermuda e ela calça. Ele cheirando sal e ela flor. Ele a brisa, ela a pedra.

Ela 80. Ele 90.

Eles.

Ele...


Sangria

Levou. Levou consigo tudo que pode num só gesto. Em poucas palavras. E não podia nem saber se realmente se importou. Mas levou. De uma só vez arrancou as ervas e costurou os cortes. Cessou o sangramento. Assim, desse jeito, como quem esbarra o estranho na rua, passou e saiu.

Não gritou. Talvez não tivesse mais força para. Nem chorou, não queria, não sentia. Carregou o peso que levantou e saiu. Com a cabeça erguida e um cigarro na mão direita ele andou e atravessou todas as portas. As que estavam fechadas ele não precisou estourar, mas faria o necessário, faria o que fosse preciso.

Caminhou firme pelos corredores retirou dali tudo que era seu. Pesado, ele andou leve em seus passos duros, marcados e compassados, sem olhar pra trás, sem deixar que o arrependimento sombreasse seu olhar e balançasse suas pernas. Mirou a sua frente e quando bateu a última porta atrás de si sorriu sincero para a calçada.

Não olharia mais com medo para o espelho. Não teria mais nenhum inimigo do outro lado, não se machucaria mais com a visão do que havia se tornado. Por último, deixou todos seus fardos no lixo de qualquer vizinho. Libertou-se.

Mentaótico

Ótica mental cheia de hortelã!

Café forte e sem açúcar!